A expectativa de vida do brasileiro aumentou e isso é uma ótima notícia!
- silgeriatria
- 6 de dez. de 2023
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Houve uma época que ultrapassar os 20 anos de idade era considerado uma dádiva, um verdadeiro presente dos Céus. Até pouco tempo atrás, a grande preocupação do Brasil e do mundo era com a quantidade de crianças no planeta. O que fazer para garantir a vida, crescimento, desenvolvimento e o sucesso na vida desses pequeninos. As campanhas de vacinação tomavam o universo popular e todo mundo se encantava com o famoso Zé Gotinha!
Essa época não existe mais. Hoje, a preocupação do mundo é como cuidar da sua população idosa, inclusive no Brasil. Foi uma longa caminhada até aqui. Longa, mas rápida. Os países mais longevos do mundo como Japão e Itália envelheceram ao longo de séculos. As politicas públicas, o estilo de vida, as preocupações sociais foram, paulatinamente, mudando e acompanhando a mudança na piramide etária. No Brasil, pouco mais de 40 anos separaram o Brasil focado na infância para uma nação preocupada com os seus idosos, tamanha a quantidade de pessoas que ultrapassaram a barreira dos 60 anos. O acesso a serviços de saúde, a educação, o tratamento de doenças que antes não tinham remédios disponíveis como a hipertensão arterial e diabetes, foram aumentando os anos na vida da população. Esse processo aliado a uma diminuição do crescimento da população, por uma queda importante na média de filhos por mulher, fez a equação perfeita para o "boom" da população idosa.
Estávamos ligeiros e faceiros, preocupados com a distribuição de medicamentos, atenção a doenças crônicas e focados na tentativa de diminuir o impacto das doenças cardiovasculares na mortalidade dos brasileiros, afinal essas doenças- infarto e AVC, são as maiores causas de morte no Brasil, quando de repente surgiu àquele tempo estranho que teve um impacto direto na vida do brasileiro encurtando a sua expectativa de vida em quase dois anos.
Foi uma baque! O SarsCov-2 trouxe tantas consequências diretas e indiretas que passamos um bom tempo tentando entender e explicar o impacto individual e coletivo na vida de todos nós.
Nos idosos, ainda lidamos com as complicações. Muitos apresentaram e mantêm sequelas pulmonares, cognitivas, motoras e emocionais. Foram muitas perdas de pessoas amadas, alguns ficaram hospitalizados por dias, tantos permaneceram em UTI e uma quantidade incontável perdeu a rotina cotidiana que dava prumo a suas vidas ficando confinados , isolados, sem atividade física, perderam funcionalidade e a força muscular, levando a um estado de fragilidade e vulnerabilidade nem sempre passível de reversão.
Há poucos dias, os orgãos governamentais responsáveis nos informaram um ganho na expectativa de vida do brasileiro. Saimos de 72 anos de expectativda de vida após a pandemia para 75,5 anos de vida. As mulheres continuam na dianteira com a expectativa de vida de 79 anos de idade. Essa melhoria nos conforta, nos mostra que os cuidados à saúde quando retomados a tempo tem impacto positivo. Agora, é manter o cuidado individual com a saúde, controlando doenças, prevenindo mazelas, cuidando da alimentação e fazendo atividade física. Além de manter o olhas para politicas de saúde e uma organização social que favoreça e valorize o idoso como sustentáculo da nossa sociedade.

Dra. Silvana Coelho Nogueira é medica geriatra, CRM 18612DF/ RQE 10216, especialista pela Universidade Federal de São Paulo e pela Associação Médica Brasileira. Pós graduada em Oncogeriatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Possui Residência médica em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo e é formada pela Universidade Estadual do Piauí. Radicada em Brasília, onde exerce sua atividade profissional desde 2011. Escreve às quintas-feiras para o portal Etarium.
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