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Flores de cerejeira
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"Envelhecer é o destino de todos, mas é muito difícil envelhecer e de entendê-lo como objetivo."

Dra. Silvana Coelho Nogueira

A tristeza que nem sempre aparece!

  • Foto do escritor: silgeriatria
    silgeriatria
  • 2 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Olá querido leitor !


Hoje vamos falar de tristeza! Direto assim. Datas como o Dia de Finados, sempre suscitam em mim essa necessidade. Afinal, para muitos é um dia de tristeza, de lembranças duras, de momentos difíceis de viver. Na terceira idade, essa data costuma ser ainda mais difícil. Quanto maior a nossa idade, por mais perdas e dificuldades passamos na vida. Quantas pessoas amigas e amadas já partiram, quantas situações difíceis já enfrentadas quando os cabelos insistem em embranquecer?


A tristeza é, segundo o dicionário Michaelis, “a ausência do sentimento de alegria, um profundo pesar, desgosto, enturvação”. Mas eu não vou falar da tristeza apenas desse ponto de vista do sentimento e sim da tristeza que fica, que toma o espaço, que sequestra a nossa vida: a depressão. Não é difícil para nenhum de nós imaginarmos uma pessoa deprimida, a imagem que vem à mente certamente é de alguém isolado, com a face tomada pela tristeza, uma posição encurvada da coluna, um desejo intenso de não fazer nada. No entanto, no idoso, nem sempre é assim, para ser mais exata, normalmente a depressão no idoso não vem com toda essa apresentação clássica.


No idoso, estar deprimido pode significar sentir dor em todas as partes o corpo, uma dor física que não passa, começar a ter alucinações, vendo ou ouvindo o que não existe, pode vir com grande dificuldade de concentração ou sensação de perda de memória, pode vir com irritabilidade e impaciência. Pode vir com tudo, menos com a aparência clássica de uma tristeza profunda que sempre associamos ao quadro depressivo!


A depressão no idoso mexe profundamente com o funcionamento cerebral. O idoso deprimido pode ficar confuso e as pessoas próximas passam a acreditar que ele está com doença de Alzheimer, tamanha a confusão e o esquecimento. Fato é que a depressão pode vir com muitos sintomas diferentes menos com o quadro clássico, pode não ser percebida e uma depressão não percebida não é tratada, evoluindo para uma série de outros problemas, até mesmo aumentando o risco de uma demência. Saiba mais sobre demência aqui.


As causas mais comuns para a depressão variam de perdas importantes, traumas, isolamento social e até mesmo motivos não tão óbvios como a perda auditiva. Sim, escutar menos pode levar a depressão, pois sem ouvir não participamos das conversas, não conseguimos entender o que se passa ao redor, pedimos para repetir as frases, ouvimos a televisão em um volume quase insuportável para os demais e isso vai levando a um distanciamento. Outro motivo muito comum para o desenvolvimento de um quadro depressivo no idoso é a falta de um propósito, de um motivo para levantar pela manhã. Quando trabalhamos, nosso dia é totalmente preenchido, ora pelas demandas do trabalho, ora pelas atividades domésticas. Depois da aposentadoria, essa rotina simplesmente desaparece e o tempo livre que sobra inicialmente parece ótimo, mas depois descamba para um “tanto faz dormir ou acordar”, o dia estará sempre vazio e esse vazio pode tomar conta de tudo.


Reconhecer que algo está errado é o primeiro passo, o segundo é procurar ajuda. Depressão tem tratamento que nem sempre passa pelos remédios. O importante é tratar e não deixar que a depressão tire o ânimo e as forças vitais que nos mantem vivos e ativos.


Dra. Silvana Coelho Nogueira

Dra. Silvana Coelho Nogueira é medica geriatra, CRM 18612DF/ RQE 10216, especialista pela Universidade Federal de São Paulo e pela Associação Médica Brasileira. Pós graduada em Oncogeriatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Possui Residência médica em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo e é formada pela Universidade Estadual do Piauí. Radicada em Brasília onde exerce sua atividade profissional desde 2011. Escreve às quintas-feiras para o portal Etarium.




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