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"Envelhecer é o destino de todos, mas é muito difícil envelhecer e de entendê-lo como objetivo."

Dra. Silvana Coelho Nogueira

Doença de Parkinson: Novas Descobertas sobre sua Origem e o Papel do Rim na Formação de Alfa-sinucleína

  • Equipe Blog Dra. Silvana
  • 14 de ago.
  • 3 min de leitura

A Doença de Parkinson (DP) é uma das doenças neurodegenerativas mais comuns, afetando mais de 10 milhões de pessoas no mundo. Tradicionalmente associada ao cérebro — mais especificamente à morte de neurônios produtores de dopamina na substância negra —, estudos recentes têm mostrado que sua origem pode ser mais complexa e envolver outros órgãos, como o intestino e, surpreendentemente, o rim.

Mas como um órgão como o rim, que é parte do sistema excretor, pode estar envolvido na origem de uma doença neurológica?


O que é a Alfa-sinucleína?


A alfa-sinucleína é uma proteína normalmente encontrada no cérebro, com papel na regulação das vesículas sinápticas — pequenas estruturas que armazenam e liberam neurotransmissores entre os neurônios. Em pessoas com Parkinson, essa proteína sofre uma alteração patológica: ela se agrega de forma anormal, formando os chamados corpos de Lewy, que contribuem para a degeneração neuronal.

Durante anos, acreditou-se que esses agregados ocorriam apenas no sistema nervoso central. No entanto, pesquisas recentes mostram que a alfa-sinucleína pode se acumular também em tecidos periféricos, como o trato gastrointestinal, o coração — e até mesmo os rins.


RIm, cerebro e neuronio

O Rim e a Alfa-sinucleína: O que diz a ciência?


Estudos histopatológicos identificaram expressão de alfa-sinucleína em tecidos renais, especialmente em pacientes com Parkinson. Um estudo publicado em Acta Neuropathologica Communications (2021) detectou a presença de alfa-sinucleína fosforilada — a forma patológica da proteína — em nefrócitos (células dos néfrons, a unidade funcional do rim), sugerindo que os rins podem participar da patogênese da doença ou atuar como reservatórios periféricos da proteína (van den Berge et al., 2021).

Essa descoberta levanta uma hipótese inovadora: a Doença de Parkinson pode começar fora do cérebro, com a alfa-sinucleína se formando em tecidos periféricos (como o intestino ou o rim), e depois migrando para o sistema nervoso central através de vias nervosas como o nervo vago ou o plexo renal.

Além disso, há indícios de que o estresse oxidativo e a inflamação renal podem favorecer o acúmulo anormal de proteínas, incluindo a alfa-sinucleína. Isso reforça a ideia de que alterações renais precoces poderiam contribuir para o desenvolvimento da DP.


Implicações clínicas e futuras pesquisas


Se o rim estiver envolvido na origem ou progressão da Doença de Parkinson, isso pode abrir novos caminhos para diagnóstico precoce e tratamentos preventivos. Amostras de tecido renal ou exames de sangue que detectem formas anormais de alfa-sinucleína poderiam, no futuro, ser usados como biomarcadores da doença, antes mesmo dos primeiros sintomas motores aparecerem.

Além disso, pacientes com doença renal crônica podem ser monitorados com mais atenção para sinais de neurodegeneração, já que a eliminação deficiente de toxinas e proteínas malformadas também pode influenciar o acúmulo de alfa-sinucleína.


Conclusão

A Doença de Parkinson não é apenas um distúrbio cerebral — é uma doença sistêmica que pode envolver diversos órgãos. A presença de alfa-sinucleína no rim é um dos achados mais promissores da neurociência atual, que pode revolucionar nossa forma de diagnosticar, entender e tratar essa doença. Ficar atento à saúde renal pode ser mais importante do que nunca — inclusive para proteger o cérebro.

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Referências:

  • van den Berge, N., Ferreira, N., Mikkelsen, T. W., et al. (2021). Evidence for bidirectional and trans-synaptic parasympathetic and sympathetic propagation of alpha-synuclein in rats. Acta Neuropathologica Communications, 9(1), 4. https://doi.org/10.1186/s40478-020-01095-z

  • Braak, H., Del Tredici, K. (2017). Neuropathological Staging of Brain Pathology in Sporadic Parkinson’s Disease: Separating the Wheat from the Chaff. Journal of Parkinson’s Disease, 7(s1), S71–S85. https://doi.org/10.3233/JPD-179001

  • Beach, T. G., Adler, C. H., Sue, L. I., et al. (2010). Multi-organ distribution of phosphorylated alpha-synuclein histopathology in subjects with Lewy body disorders. Acta Neuropathologica, 119(6), 689–702. https://doi.org/10.1007/s00401-010-0664-3

  • Poewe, W., Seppi, K., Tanner, C. M., et al. (2017). Parkinson disease. Nature Reviews Disease Primers, 3, 17013. https://doi.org/10.1038/nrdp.2017.13


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