O café de todo dia pode turbinar a memória
- Silvana Coelho Nogueira
- 24 de jul.
- 3 min de leitura
Entenda os benefícios do café para a memória.

O café de todos os dias está cada vez mais associado a uma memória ágil e uma diminuição do surgimentos de doenças que alteram a cognição como a doença de Alzheimer. Experimentos com roedores demonstraram que a cafeína leva a reversão de perdas de memória e reduz a proteína beta‑amilóide em cérebros de animais. Além disso, compostos como ácido clorogênico, cafeína e trigonelina mostraram ação anti-inflamatória e neuroprotetora, envolvendo vias como Nrf2 e NF‑κB, redução da fosforilação da tau e inflamação cerebral.
Café e saúde cerebral: o que dizem os estudos recentes
1. Café e desaceleração do Alzheimer
Um estudo publicado na revista Brain em julho de 2024, conduzido por pesquisadores franceses da Lille Neuroscience and Cognition, mostrou que a cafeína pode retardar a progressão da doença de Alzheimer em estágios iniciais. O mecanismo envolve efeitos sobre receptores neuronais que reduzem a perda de sinapses e a deterioração da memória. Já um estudo australiano publicado em Frontiers in Aging Neuroscience acompanhou 227 pessoas por 18 meses. Aumentar o consumo de 1 para 2 xícaras diárias foi associado a até 8% menos declínio cognitivo e 5% de menor acúmulo de beta‑amilóide no cérebro, um marcador-chave da doença (Medical News Today).
2. Meta-análises sobre risco de Alzheimer
Uma meta-análise recente de 11 estudos concluiu que o consumo de 1 a 2 xícaras de café por dia está associado a uma redução de 32% no risco de Alzheimer (RR = 0,68), enquanto de 2 a 4 xícaras mostrou uma tendência semelhante (RR = 0,79). Por outro lado, consumir mais de 4 xícaras/dia pode não trazer benefícios adicionais e até aumentar o risco (RR = 1,04) (PubMed).
Também outra revisão sistemática com dose‑resposta indicou que cerca de 2,5 xícaras por dia oferecem o pico de proteção (RR ≈ 0,74), e em média tomar café ou chá reduz o risco de distúrbios cognitivos em 27‑32% (Reddit, PMC).
3. Populações específicas e consumo moderado
Em análise de dados do UK Biobank com mais de 450 mil pessoas, indivíduos com hipertensão que consumiam de 0,5 a 1 xícara de café por dia tiveram menor risco de demência. A proteção parece ocorrer via ação anti-inflamatória e preservação da barreira hematoencefálica — e o café moído mostrou efeitos até melhores (ANSA Brasil).
Café sem açúcar: melhor ainda?
Segundo relato do American Journal of Clinical Nutrition, indivíduos que tomavam café sem adição de açúcar ou adoçantes artificiais apresentaram uma redução relevante, de 29‑30%, no risco de Alzheimer e Parkinson, enquanto o café adoçado não mostrou efeito protetivo significativo. O consumo de café descafeinado também apresentou associação com risco reduzido e mortalidade menor relacionada a tais doenças (Reddit).

Em resumo: o que a ciência diz?
Consumo moderado de café (1 a 3 xícaras por dia) está associado a menor risco de Alzheimer e decaimento cognitivo. Riscos aumentam com ingestões acima de 4 xícaras por dia.
Café sem açúcar parece oferecer maior benefício do que café adoçado; o descafeinado também mostrou efeitos positivos.
O benefício pode ser maior em grupos de risco, como pessoas hipertensas ou com fibrilação atrial (GardeniaShop, ANSA Brasil).
Estudos sugerem mecanismos biológicos plausíveis: redução da inflamação, menos formação de placas amiloides e preservação de sinapses importantes para memória (PubMed, Serviços e Informações do Brasil, PMC).
Embora os achados sejam promissores, vale lembrar que café não é cura milagrosa — os efeitos observados são correlacionais e baseados em estudos populacionais, e não garantem causalidade. Os potenciais efeitos adversos do excesso de café (como ansiedade, insônia e aumento da pressão arterial) também devem ser considerados, especialmente em idosos e pessoas com doenças cardíacas ou pressão alta.
Para quem deseja incluir o café na rotina com senso de equilíbrio:
Prefira doses moderadas: 1 a 2 xícaras por dia; até 3 xícaras parecem seguras na maioria dos estudos.
Evite adicionar açúcar ou adoçantes artificiais.
Mantenha um estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, exercício físico, controle do peso e da pressão, estímulo mental e sono de qualidade.





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