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Flores de cerejeira
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"Envelhecer é o destino de todos, mas é muito difícil envelhecer e de entendê-lo como objetivo."

Dra. Silvana Coelho Nogueira

O que é envelhecer bem?

  • Foto do escritor: silgeriatria
    silgeriatria
  • 28 de set. de 2023
  • 3 min de leitura


Vamos começar essa coluna com uma reflexão. Como você quer envelhecer?


Para os que já passaram dos 60 anos de idade, como você quer continuar envelhecendo? Sim, porque envelhecer é um continuum. Filosoficamente, envelhecemos desde que nascemos; cada dia, cada hora, cada minuto. O envelhecimento como processo biológico se instala de fato depois dos 40 anos. Assim, eu mesma estou já nesse processo, afinal estou na quarta década de minha vida.


Dito isto, repito: Como você quer envelhecer? Ouso responder: quero e, todos nós queremos, envelhecer bem! Simples não é? Mas muito difícil. Isso porque envelhecer bem, significa envelhecer mantendo a capacidade de decidir por si só e de ir e vir sem ajuda de ninguém. A capacidade de tomar a decisão por si se chama autonomia e a de se manter sem ajuda é dita independência.


Para uma velhice autônoma e independente, precisamos de alguns feitos: músculos fortes, cabeça boa, bom humor, pessoas que amamos por perto e ter um propósito. Esses pilares são conhecidos e foram muito divulgados, pois são princípios encontrados nas blue zones ou zonas azuis em português. Essas zonas são os lugares com maior número de centenários do planeta. E centenários ativos e com boa memória. Você pode ler mais sobre elas, clicando aqui. Assim, vamos destrinchar esses segredos.


Ter músculos fortes garante a caminhada, diminui o risco de cair e quebrar algum osso, melhora o equilíbrio e ainda ajuda a memória, já que produzem uma substância chamada irisina, importante para um bom funcionamento cerebral. Além disso, os músculos garantem uma reserva de energia apropriada em todos os momentos. Exercícios resistivos como a musculação e o pilates ajudam bastante.


Cuidar da mente é muito importante e não é sorte. Talvez, o maior medo com o passar dos anos seja perder a memória. A doença de Alzheimer é a mais comum das doenças que afetam a memória. A boa notícia é que a doença de Alzheimer é uma doença muito mais vinculada ao estilo de vida, com poucos casos associados a hereditariedade. Cuidar da alimentação, dando prioridade para alimentos como frutas, verduras, cereais integrais, carnes brancas, ovos, pouco açúcar e quase nada de comida congelada, não fumar, evitar bebidas alcoólicas, fazer atividade física regularmente, cuidar do peso e, claro, estimular a mente com atividades como leitura e alguns jogos diminui e muito a chance de perder a memória. Cuidar da pressão arterial e da diabetes também é importante.


O bom humor, ah o bom humor! Coloca a depressão para escanteio, ajuda levar a vida mais leve e a ter resiliência, ou seja, suportar as agruras da vida e seguir em frente. Além disso, conviver com gente bem-humorada é bem mais fácil, melhorando a nossa rede social. E falando em rede social, ter pessoas que amamos por perto, seja da família ou não, e que nos dê a sensação de pertencimento e de que alguém se importa com a nossa vida faz toda a diferença e ajudam a viver mais e melhor.


O último pilar do envelhecer bem é ter um propósito. Os japoneses chamam de Ikigai. Podemos resumir em” tenha um motivo para acordar e levantar da cama pela manhã “. Não precisa ser nada grandioso. Pode ser dar comida para os gatos, cuidar de um jardim, ir à igreja. Defina o seu, mas tenha um. Ninguém pode fazer o seu propósito por você! Pense hoje sobre isso, caso você já não tenha o seu.


Eu também aproveito para deixar claro que envelhecer bem não é envelhecer sem tomar remédios ou frequentar consultórios médicos. Muitas vezes os medicamentos nos ajudam a chegar lá, a viver com mais qualidade de vida e por mais tempo. Então paciência!


Vamos juntos no caminho para envelhecer bem.


Dra. Silvana Coelho Nogueira

Dra. Silvana Coelho Nogueira é medica geriatra especialista pela Universidade Federal de São Paulo e pela Associação Médica Brasileira. Pós graduada em Oncogeriatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Possui Residência médica em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo e é formada pela Universidade Estadual do Piauí. Radicada em Brasília onde exerce sua atividade profissional desde 2011.

Escreve às quintas-feiras para o portal Etarium.




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