O que é síndrome do pôr do sol, um dos tipos de agitação na Doença de Alzheimer?

Muito presente em quadros demenciais como a Doença de Alzheimer, a síndrome do pôr do sol é temida pela família e cuidadores.

A doença de Alzheimer é tema recorrente em nosso portal, com vários posts dedicados a ela como esse aqui . Em cada etapa da doença, um determinado sintoma fica mais comum prejudicando a vida do portador e de seus familiares.

Na fase moderada da doença de Alzheimer e até de outras demências, é comum o surgimento de alterações de comportamento como a apatia, agressividade e irritação.

O fenômeno conhecido como síndrome do pôr do sol é justamente a mudança de comportamento ao fim do dia, portanto relacionada ao pôr do sol e que deixa as pessoas mais inquietas e agitadas.

O que é o "sundown" ou síndrome do pôr do sol?

As pessoas com demência podem ficar mais confusas, inquietas ou inseguras no entardecer ou no início da noite e isso é justamente a síndrome. Os indivíduos tendem a ficar mais exigentes, inquietos ou confusos, desorientados com o tempo e o espaço querendo ir embora da propria casa ou lembrando de fatos muito antigos como se fossem atuais. Podem inclusive ver, ouvir ou acreditar em coisas que não são reais, especialmente à noite.

A atenção e concentração diminuem e algumas pessoas podem tornar-se mais impulsivas colocando- se em risco.

O que provoca o "sundown"?

O cérebro mais confuso e fragilizado pelo impacto do transtorno de memória fica mais sensível a mudanças de horários ao longo do dia e o relógio biológico fica afetado e um pouco mais confuso. Além disso, a falta de estímulos sensoriais na rotina do idoso, a falta de exposição a luz solar, uma rotina muito agitada e que cansa ou o contrário, uma rotina sem o que fazer e que deixa o dia entediante são fatores que contribuem para o aparecimento da agitação no entardecer.

Uma pessoa que passa pelo sundown pode estar com fome, desconfortável, com dor, mas simplesmente não consegue expressar estas necessidades de forma falada, então expressa como uma inquietação. À medida que a doença progride, a capacidade de compreender o que se passa a sua volta fica menor e isso também pode gerar a inquietação. Muitas famílias e cuidadores referem que no final do dia a pessoa fica mais ansiosa para “ir para casa"ou para encontrar a mãe, o que pode indicar a necessidade de segurança e proteção.

A pessoa pode estar tentando encontrar um ambiente familiar e que se sinta acolhida.

O que fazer ?

Antes de tudo, comunique ao médico o que está acontecendo, em alguns momentos a ajuda de remédios será importante.

Algumas dicas para a rotina também podem ajudar.

• Se o portador da doença está mostrando sinais de cansaço e desinteresse, deixe-o descansar por 40 a 60 minutos, de preferencia depois do almoço. Pense em diminuir a quantidade de atividades ao longo dia;

• Mantenha a pessoa ativa durante a manhã. Estimule caminhadas, atividades no jardim, atividades domésticas simples;

• Banho de sol pela manhã ajuda o corpo a se preparar para as fases do dia e traz um sono de melhor qualidade à noite;

• Ao entardecer, estimule algumas atividades que sejam familiares (que tenha aprendido numa fase anterior da sua vida), como por exemplo, pinturas, bordar, crochê.

• Mantenha a calma e distraia gentilmente o paciente, caso ele esteja com uma ideia fixa, por exemplo se ele quiser ir embora, chame-o para ver um álbum de fotografias ou andar no lado externo da casa;

• Mantenha a casa iluminada;

• Nunca contenha fisicamente a pessoa. Deixe a pessoa passear onde esteja em segurança. Fazer uma caminhada ao ar livre pode ajudar a reduzir a inquietação;

• Algumas pessoas ficam contentes com um animal de estimação, ouvir musica, rever fotos. Então, coloque essas atividades à tarde, antes do horário da confusão.

• Considere o efeito das luzes e ruídos da televisão e rádio. Estes contribuem para a confusão e inquietação? Se sim, desligue a TV.

• Para a a maioria das pessoas, um copo de leite morno, massagem nas costas ou uma música podem ter um efeito calmante e ajuda a diminuir a agitação, então se antecipe e ofereça antes do fim do dia;

Essas dicas são valiosas e ajudam a diminuir o impacto da síndrome do pôr do sol na vida dos portadores de quadros demenciais e de suas famílias.