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Flores de cerejeira
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"Envelhecer é o destino de todos, mas é muito difícil envelhecer e de entendê-lo como objetivo."

Dra. Silvana Coelho Nogueira

O uso do Canabidiol em idosos e a promessa de um milagre!

  • Foto do escritor: silgeriatria
    silgeriatria
  • 14 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Olá querido leitor, estamos juntos novamente.


Se você vive nesse lindo planeta azul, certamente já ouviu falar de canabidiol, do seu uso quase milagroso e da promessa, se é que podemos chamar assim, até de cura para um caso de doença de Alzheimer. Então, nada mais relevante do que falarmos um pouco desse extrato da planta Cannabis sativa, famosa pelo seu uso medicinal ou recreativo, este ilícito no Brasil.


A Canabis é uma planta de origem asiática e, acredita-se, que há 7000 anos já era usada medicinalmente na China e na Índia. No século 18, suas propriedades medicinais eram usadas principalmente contra problemas respiratórios como asma, tosse ou problemas ditos "nervosos", de cunho emocional como depressão e ansiedade. Apenas no século 19, o seu extrato passou a ser utilizado com intenção recreativa por suas propriedades psicodélicas, digamos assim. Por conta dessas propriedades, os efeitos medicinais foram quase esquecidos, passando a ser proibida em quase todo mundo Ocidental e seu uso visto com bastante desconfiança.


Na última década, no entanto, as pesquisas médicas com os derivados canabinóides, alçaram o óleo de Cannabis sativa como confiável a ponto de chegar às prateleiras das grandes redes de farmácias. O uso em situações de crises convulsivas de difícil controle mostrou a sua eficácia e segurança, já que até crianças utilizavam com beneficio e pouco risco.


É importante entender um pouco como essas substâncias canabinóides fazem efeito. O nosso organismo produz substâncias endocanabinóides. Esse sistema endocanabinóide que cada um de nós possui ainda está sendo entendido. Inicialmente, entende-se que ele responde por parte da homeostase, ou seja do equilíbrio corporal. Os fitocanabinóides são as substâncias derivadas do extrato de cannabis e que fazem efeitos semelhantes às substancias endógenas, atuando portanto nos receptores do sistema endocanabinóide. Os mais conhecidos e utilizados são o Canabidiol (CDB) e o Tetrahidrocanabinol (THC).


O CBD possui ação em sistema nervoso central, sem efeitos psicodélicos comuns no THC. Seu uso tornou-se popular, por auxiliar no tratamento de crises convulsivas e sintomas relacionados ao Câncer. O THC também tem sido utilizado em menor dosagem e concentração, já que é o grande responsável pelos efeitos psicoativos associados a seu uso recreativo.


Hoje, o FDA, orgão americano correspondente a nossa ANVISA, autoriza o uso de derivados canabinóides na epilepsia de difícil controle, dores de origem neuropática e nauseas/ êmese de difícil controle no tratamento de câncer. Utilizamos já há algum tempo como tratamento alternativo para controle de comportamento e ansiedade de difícil controle. Na doença de Alzheimer, não há ainda recomendação oficial de uso, tendo sua recomendação como compassiva, ou seja, no momento em que já foram utilizados todos os tratamentos estabelecidos sem sucesso para o paciente e sua família, então devemos e estamos autorizados a tentar o seu uso.


Existem vários estudos para o uso de CBD e THC em diferentes concentrações farmacológicas em diversos áreas como na Doença de Parkinson, esclerose múltipla, depressão e outros.


É de fato, um tratamento promissor, mas não é um milagre. Pode levar a melhora do comportamento, diminuição de uso de medicamentos, melhor qualidade de vida, mas não traz a cura a nenhuma das doenças em que se aplica e ainda precisa de uma melhor regulamentação farmacêutica, pois há muitas variações de concentrações, o que dificulta o uso seguro e padronizado da medicação.


Vale o uso quando bem aplicado, mas não é a solução dos nossos maiores problemas. Infelizmente...



Dra. Silvana NOgueira geriatra

Dra. Silvana Coelho Nogueira é medica geriatra, CRM 18612DF/ RQE 10216, especialista pela Universidade Federal de São Paulo e pela Associação Médica Brasileira. Pós graduada em Oncogeriatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Possui Residência médica em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo e é formada pela Universidade Estadual do Piauí. Radicada em Brasília, onde exerce sua atividade profissional desde 2011. Escreve às quintas-feiras para o portal Etarium.


 
 
 

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