top of page
Flores de cerejeira
Original on Transparent.png

"Envelhecer é o destino de todos, mas é muito difícil envelhecer e de entendê-lo como objetivo."

Dra. Silvana Coelho Nogueira

O uso dos análogos de GLP1 na população idosa é seguro?

  • Silvana Coelho Nogueira
  • 24 de jul.
  • 4 min de leitura

Entenda os benefícios e riscos dos medicamentos como semaglutida para idosos

Canetas emagrecedoras
Canetas emagrecedoras

O uso de análogos de GLP‑1 tem aumentado em idosos. Inicialmente formuladas para tratamento de Diabetes tipo 2, essa classe de medicação foi alçada ao sucesso apos levarem a perda de peso relevante. A população idosa também tem se beneficiado tanto pela redução do peso em idosos obesos, melhor controle da glicemia, mas também diversos outros benefícios.


Benefícios dos análogos de GLP‑1 em idosos


  • Proteção cardiovascular e renal: Grandes estudos observacionais, como o conduzido pelo Veterans Affairs nos EUA com quase 2 milhões de pessoas, associam o uso de GLP‑1 RAs (como semaglutida, liraglutida, tirzepatida) a redução de várias complicações — incluindo eventos cardiovasculares, doença renal, doenças respiratórias e demência — bem como menor mortalidade (The Wall Street Journal, MedPath).


  • Redução de risco de demência: Usando dados de mais de 60 mil adultos com obesidade e diabetes tipo 2, observou-se redução de 37% no risco de demência e 19% no risco de AVC, além de menor mortalidade durante sete anos de acompanhamento. O efeito protetor foi mais evidente em idosos, mulheres e pessoas com IMC entre 30 e 40 (The Sun). Outro estudo mostrou redução de até 12% no risco de Alzheimer entre usuários de GLP‑1 RAs (MedPath, The Sun).


  • Benefícios cognitivos e comportamentais: Uma ampla análise observacional publicada em Nature Medicine indicou menor ocorrência de Alzheimer (−12%) e outras doenças neurocognitivas, além de redução do risco de dependências, distúrbios psicóticos, suicídio e bulimia (Wikipedia, Reddit, Medical News Today).


  • Ganhos em sobrevivência e qualidade de vida: Modelagens indicam que idosos com expectativa de vida razoável (≥4 anos) podem ganhar até +0,29 anos de vida (LY) e +0,15 QALYs com uso de GLP‑1 RAs. No entanto, esses ganhos são mínimos em pacientes com expectativa de vida menor e podem ser reduzidos por aspectos como desconforto com injeções (PubMed).


  • Potencial em doenças neurodegenerativas: Pesquisas pré-clínicas e análises post hoc de ensaios clínicos sugerem efeito anti-inflamatório e neuroprotetor em Alzheimer e Parkinson. Estudos de fase III em andamento (como EVOKE e EVOKE Plus) testam semaglutida especificamente para Alzheimer com conclusão prevista até setembro de 2025 (Reddit).


No entanto, além dos beneficios acima, alguns efeitos colaterais e impactos negativos também passaram a ser observados nessa população;


Riscos ou efeitos adversos em idosos


  • Efeitos gastrointestinais e desidratação: Náusea (até 50%), vômito e diarreia são comuns — especialmente em doses elevadas ou em combinação com metformina — o que pode levar à desidratação e lesão renal aguda em idosos frágeis (PMC, Frontiers).


  • Risco aumentado de fraturas ósseas: Um estudo da WCO 2025 acompanhou mais de 45 000 idosos com diabetes e mostrou aumento de 12% no risco de fraturas (quadril, coluna, pelve, antebraço etc.) em usuários de análogos de GLP‑1 versus outras terapias .


  • Degeneração macular (nAMD): Um estudo canadense com quase 140 mil pacientes idosos indicou risco dobrado de degeneração macular neovascular (forma úmida da AMD) em usuários dessas medicações — embora a incidência absoluta seja baixa (0,2% versus 0,1%).


  • Sintomas orais e perda de massa magra: Há relatos de boca seca (“Ozempic mouth”), alterações de paladar e possível queda de massa magra, embora esta última seja geralmente leve segundo revisão com dados de 2024.


  • Complicações perioperatórias: Uso recente de análogos de GLP‑1 antes de cirurgias ou endoscopias aumenta risco de conteúdo gástrico elevado e aspiração pulmonar sob sedação, recomendando suspender o medicamento antes de procedimentos programados (BioMed Central).


Assim, o uso pode ser extremamente benéfico para a pessoa idosa, mas vale levar em consideração as orientações abaixo:


  • Seleção cuidadosa de pacientes:

    • Idosos com expectativa de vida ≥4 anos tendem a obter benefícios claros.

    • Pacientes muito frágeis ou com comorbidades graves (como insuficiência renal avançada ou demência) devem ser avaliados com cautela (PubMed, PubMed).

  • Início e titulação cuidadosa:

    • Redução dos efeitos gastrointestinais exige introdução gradual da dose e, quando possível, preferência por formulações de ação prolongada ― evidência mostra que semaglutida tem menos náusea que liraglutida, e lixisenatida menos que semaglutida (PubMed, PMC).

  • Monitoramento ativo:

    • Avaliar sinais de desidratação, função renal, sintomas gastrointestinais, saúde ocular, massa óssea e vigilância para fraturas.

    • Recomenda-se exame oftalmológico regular em pacientes com diabetes que usam GLP‑1 RAs (Verywell Health).

  • Decisão compartilhada:

    • Considerar preferências do paciente quanto à administração injetável, possíveis desconfortos e expectativa de ganho em qualidade de vida.


Resumo

Aspecto

Benefícios potenciais

Riscos principais

Saúde cognitiva e demência

Redução de 12–37% no risco de demência ou Alzheimer

Riscos observacionais; ensaios clínicos ainda em curso

Cardiovascular e renal

Menor risco de AVC, morte, insuficiência renal

Qualidade de vida em idosos

Ganho modesto em longevidade

Desconforto com injeções e impacto na qualidade

Gastrointestinal

Náusea, vômito, diarreia, desidratação

Ossos

Aumento de ~12% no risco de fraturas

Visão

Duplicação do risco de degeneração macular úmida

Procedimentos cirúrgicos

Risco maior de aspiração pulmonar

Os análogos de GLP‑1 demonstram benefícios promissores para idosos, especialmente com diabetes tipo 2 e obesidade, incluindo proteção cerebral, cardiovascular e metabolismo. No entanto, os riscos são reais, exigem monitoramento atento e devem ser cuidadosamente avaliados em conjunto com expectativas de vida e preferências do paciente. Ainda faltam ensaios clínicos robustos em idosos que confirmem os efeitos neuroprotetores observados, mas os dados disponíveis apontam para um possível papel benéfico quando usados com responsabilidade clínica.

Comentários


bottom of page