Os novos tratamentos para doença de Alzheimer
- silgeriatria
- 31 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de nov. de 2023
O que esperar dos novos tratamentos para a doença de Alzheimer.

A doença de Alzheimer é uma doença neurológica progressiva, a causa mais comum de demência em todo o mundo, como já explicado aqui. O tratamento é baseado em várias atividades de estímulo, cuidados e uso de alguns medicamentos como os inibidores de acetilcolinesterase. Infelizmente, até o presente momento, o tratamento não oferece cura; ele tenta diminuir a velocidade ou minimizar o impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados e seus familiares.
Desde 2021, esse cenário de tratamento tem sofrido mudanças com a aprovação de novas medicações para uso no tratamento da doença de Alzheimer, são os medicamentos com atuação anti- amiloide como o Aducanumab e o Lecanemab.
Entendendo as placas amilóides e a relação com doença de Alzheimer
O primeiro passo para entender a atuação destas novas medicações é tentar entender o próprio desenvolvimento da doença de Alzheimer. A doença de Alzheimer ainda não tem plenamente estabelecido o porquê do seu desenvolvimento, no entanto não há duvidas da importância de dois fatores: a formação das placas amilóides e dos emaranhados neurofibrilares. Essas duas formações atrapalham o funcionamento de toda a rede de neurônios.
As placas são formadas quando pedaços da proteína chamada beta-amilóide se agrupam. As beta-amilóides vêm de uma proteína maior encontrada na membrana gordurosa que envolve as células nervosas. A beta-amilóide tende a se reunir e aos poucos formar as placas. Essas placas podem bloquear a sinalização entre as células nas sinapses e causar inflamações atrapalhando a função cerebral.
As medicações com atuação anti-amilóide diminuem a formação destas placas e tentam diminuir o impacto cerebral a partir disto
Tratamento anti-amilóide
O Aducanumab foi aprovado pela agencia americana de regulamentação, o FDA, em 2021. Ele foi a primeira terapia a demonstrar que a remoção do beta-amilóide do cérebro, uma das características da doença de Alzheimer, reduz o declínio cognitivo e funcional em pessoas que vivem com Alzheimer nas fases mais precoces. O seu uso foi feito exclusivamente para a doença de Alzheimer e excluído para outras demências.
O modo de aplicação é intravenoso. O segundo medicamento aprovado desta mesma classe de remédios foi o Lecanemab. O Lecanemab, cujo nome comercial nos Estados Unidos é Leqembi®, é uma terapia de infusão intravenosa (IV) de anticorpos monoclonais que visa e remove beta-amilóide do cérebro. Recebeu a aprovação tradicional da Food and Drug Administration (FDA) mais recentemente e foi designados para o tratamento de fases precoces ou pré- clinicas da doença de Alzheimer, desde que com a confirmação de níveis elevados de beta-amilóide no cérebro.
Quem pode usar o tratamento anti-amilóide?
Esse tratamento se aplica especificamente a pessoas com doença de Alzheimer em fase precoce ou pré- clinica e que tenham exames confirmatórios quanto a aspectos genéticos e aos níveis de beta amiloide.
O tratamento anti-amilóide cura a doença de Alzheimer?
A resposta é não, mas promete melhorar o funcionamento da memória e, estima-se bloquear, pelo menos em parte, a evolução da doença já que impede a formação de beta - amiloide, um dos mecanismos de formação da Doença de Alzheimer.
O tratamento tem alguma complicação?
Sim. Além do custo do tratamento elevado e que exige importação para o Brasil já que não há versão no território brasileiro, o uso dessa terapia anti-amiloide exige a infusão pela veia e o uso em um serviço de saúde qualificado. Também é necessária a realização de ressonâncias magnética de crânio para controle após a injeção, pois quase 30 % das pessoas podem apresentar uma complicação chamada ARIA (Anormalidades de imagem relacionadas a amilóide). A ARIA pode ser hemorrágica ( ARIA-H) ou por inchaço, edema (ARIA-E) causando mais sofrimento a um cérebro já muito afetado.
Como usar a terapia anti-amilóide no Brasil?
Até o presente momento, a terapia ainda não está disponível no Brasil, mas alguns centros especializados já oferecem o tratamento mediante importação do Estados Unidos.
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