Quem tem medo da doença de Alzheimer?
- silgeriatria
- 5 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Em tempos contemporâneos como o que vivemos, a humanidade conseguiu muitos feitos.
Um deles foi melhorar a saúde da população e aumentar a sua expectativa de vida, levando ao envelhecimento populacional, um fenômeno mundial. Perdemos o medo de algumas doenças, conseguimos a cura de muitas delas, para outras tantas, conseguimos o controle e a qualidade de vida para os doentes.
No entanto, existe uma categoria de doenças que ainda causam medo, pavor e pânico. Estão nessa categoria o Diabetes, o Câncer e a Doença de Alzheimer. O Diabetes tira a graça que o doce traz à nossa vida, impondo essa perda cruel no cotidiano. O Câncer traz o cheirinho da finitude com ele. E a doença de Alzheimer, vocês sabem bem, estraga a festa do nosso futuro na “melhor idade”.
Assim, a doença de Alzheimer ganha destaque no rol das doenças apavorantes, pois atinge em cheio aquilo que nos é mais caro: a memória e, com ela a nossa independência e autonomia.
A memória não é apenas a capacidade de lembrar fatos amáveis, precisamos da memória para planejarmos tarefas ou lembrarmos do passo a passo de atividades simples. Um exemplo, você quer fazer um café coado. Para isso, precisa lembrar de separar a chaleira, o coador, o pó de café, a garrafa térmica e depois como usará cada um desses objetos. Ou seja, tem que lembrar do que vai usar, quando vai usar e como vai usar. Sem memória, isso não é possível.
A doença de Alzheimer afeta devagarzinho o cérebro, inclusive em uma fase em que seus sintomas são quase imperceptíveis, a fase pré-clínica, até começar a aparecer sinais como a alteração da memória recente, a memória usada para guardar informações imediatas.
No presente momento, a doença de Alzheimer não tem cura, é progressiva e muito demandante. Mas é importante frisar, quando digo que não há cura, não quer dizer que não há tratamento, pelo contrário. Há muitos tratamentos disponíveis com medicamentos e estimulações. Vale a pena tratar e quanto antes começarmos, mais qualidade na vida do doente e de sua família conseguiremos. Há uma busca incessante por novos tratamentos, inclusive o tratamento anti- amilóide, que tenta desacelerar o processo quando a doença ainda é leve. Mas a grande questão é, a doença de Alzheimer tem PREVENÇÃO!
Sim, prevenção!!! A doença de Alzheimer é uma doença passível de ser prevenida, já que é uma doença de estilo de vida. Menos de 5% dos casos de Alzheimer são hereditários. A maioria dos casos se relacionam a estilo de vida não saudável.
Isso quer dizer que ter uma alimentação saudável, com o mínimo de comida processada, fazer atividade física, especialmente ganhando músculos, controlar o peso, ter uma boa noite de sono, manter a glicemia e a pressão arterial ajustadinhas, não fumar e consumir pouca ou nenhuma bebida alcoólica, já contam a nosso favor. Além disso, manter atividades estimulantes para o cérebro também contribuem para diminuir o risco. São atividades como a leitura, especialmente leituras desafiantes como a poesia, aprender novas atividades, tocar um instrumento musical, ter bons amigos e contato com a natureza.
Nenhum desses pontos é impossível. Precisa de planejamento e persistência no começo, mas depois vira um hábito e um estilo de viver. Mesmo para quem já passou dos 60 anos, dedicar alguns momentos todos os dias para cuidar da sua qualidade de vida, pode garantir uma memória de boa qualidade e um futuro sem Alzheimer. Vale a pena!

Dra. Silvana Coelho Nogueira é medica geriatra, CRM 18612DF/ RQE 10216, especialista pela Universidade Federal de São Paulo e pela Associação Médica Brasileira. Pós graduada em Oncogeriatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Possui Residência médica em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo e é formada pela Universidade Estadual do Piauí. Radicada em Brasília onde exerce sua atividade profissional desde 2011. Escreve às quintas-feiras para o portal Etarium.
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