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Flores de cerejeira
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"Envelhecer é o destino de todos, mas é muito difícil envelhecer e de entendê-lo como objetivo."

Dra. Silvana Coelho Nogueira

Você recebe Cuidados Paliativos e eu posso provar!

  • Foto do escritor: silgeriatria
    silgeriatria
  • 13 de out. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 11 de nov. de 2023



Com certeza você já ouviu falar em Cuidados Paliativos. Creio que você pense que são apenas para pacientes com doenças incuráveis e que estão próxima à sua finitude. Sendo assim, esse título da coluna de hoje não faz nenhum sentido, certo?


Ah, não é bem assim! Os Cuidados Paliativos foram definidos inicialmente para pacientes com câncer mesmo e não é nenhuma loucura associar o nome à doença. Mas paliar é bem mais do que isso.


Hoje, o conceito de Cuidados Paliativos se aplica a cuidados que busquem a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual. No fundo, todas as doenças que não possuem cura têm como tratamento os cuidados paliativos. Mas eu vou apresentar hoje uma nova faceta desses cuidados. A faceta do cuidado continuado e que não se aplica apenas a situações mais próximas do nosso fim.


Algumas doenças não possuem cura e seu tratamento objetiva diminuir as consequências da doença, garantir o menor dano possível e prolongar a vida da pessoa. É o caso da hipertensão arterial e diabetes mellitus, as doenças crônicas mais comuns no Brasil. Ambas não possuem cura disponível, o tratamento envolve estilo de vida e medicações para manter a pressão ou a glicemia controladas. O objetivo maior desse tratamento é diminuir acidentes vasculares encefálicos, infarto do miocárdio, gangrenas e amputações, diminuindo assim danos a longo prazo e prolongando a vida do indivíduo. Ouso aqui informar que esse tipo de tratamento, com o objetivo de prolongar a vida, faz parte da gama de tratamentos paliativos. Surpresos?!


Quantas pessoas você e eu conhecemos que sofrem com diabetes e hipertensão arterial? Capaz de você, meu leitor querido, ser um agraciado por uma dessas doenças. O Brasil tem 38 milhões de pessoas com pressão alta. Algo como 32% de sua população. Ou seja, 3 em cada 10 brasileiros são hipertensos. Olha o tanto de gente nesse Brasil que recebe, ou deveria estar recebendo, o bom cuidado paliativo!


Há outras doenças que também não possuem tratamento curativo, não conseguimos prolongar a vida com a diminuição de danos de forma tão detalhada quanto na diabetes e hipertensão, mas diminuímos os sintomas, amenizamos o sofrimento, mesmo quando a morte nem se apresenta como possibilidade. Muitas doenças neurológicas como a doença de Parkinson, a doença de Alzheimer, o enfisema pulmonar estão nesse rol de enfermidades. O tratamento tem o objetivo de trazer qualidade à vida do portador. Diminuir o tremor, a confusão mental, a falta de ar. Usar oxigênio, antecipar demandas, ajustar riscos. Esse tratamento que organiza a vida, ameniza as dores também faz parte dos Cuidados Paliativos.


Por fim, os Cuidados Paliativos se aplicam sim ao fim, acompanham até a passagem final, mas essa é apenas uma pequena parcela do que esse termo significa.


Cuidados paliativos são sinônimo de vida. De vida melhor, com qualidade, acolhimento e está presente todos os dias na vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Só falta a gente enxergar direitinho!


Dra. Silvana Coelho Nogueira

Dra. Silvana Coelho Nogueira é medica geriatra, CRM 18612DF/ RQE 10216, especialista pela Universidade Federal de São Paulo e pela Associação Médica Brasileira. Pós graduada em Oncogeriatria pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Possui Residência médica em Clínica médica pela Santa Casa de São Paulo e é formada pela Universidade Estadual do Piauí. Radicada em Brasília onde exerce sua atividade profissional desde 2011. Escreve às quintas-feiras para o portal Etarium.




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